O real e o ideal na saúde pública

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O cérebro humano, entre suas tantas complexidades, possui a característica de agrupar as inúmeras e variadas informações que recebe. Com esse grupo de informações armazenadas, nossa mente concebe “imagens” que compõem nossa realidade.

Também a partir das informações armazenadas, definimos a nossa imagem do “eu”, dando-nos a primeira noção da identidade individual.

A essa identidade adicionamos, retiramos e modificamos elementos ao longo da vida, devido a vários motivos (novos valores, conceitos, culturas ou imagens), e que assim – modificando e sendo modificados – que as nossas ideias são formadas, como uma extensa colcha de retalhos, alterando desta maneira a realidade ao nosso redor, que nada mais é que a projeção que fazemos sobre ela, através de nossas próprias interpretações ou imagens.

Conhecendo bem a realidade e a nós mesmos, buscamos o ideal – que nada mais é que o mundo das ideias – que são realidades por si mesmas – existentes em um mundo separado, mas real em nossas mentes.

Temos um exemplo de real versus ideal na questão da saúde em nosso município, com inúmeros problemas (financeiros, jurídicos, estruturais e básicos), que quase não suporta mais atender a grande demanda, que passa de 300 atendimentos por dia e que chegou a 300 internações neste último mês.

A nossa realidade é bem distinta do ideal. A demanda por saúde aumentou muito nestes últimos anos, e é um dever do Estado e um direito mais que merecido toda a assistência à saúde das pessoas.

As dívidas deixadas pela última administração, sufocam toda a capacidade de transformar nossa centenária Casa de Saúde em um Centro de Referência Hospitalar, que possa tornar sua administração possível e atender de maneira digna todos os doentes. 

Mas se o melhor remédio é sorrir, espero que se cumpra aquele ditado que diz “quem ri por último ri melhor. Alcançando no final, através da justiça, que os responsáveis por essa catástrofe paguem por seus erros.

Só a ironia, “a armadura dos lúcidos “, permite aos homens acomodar o abismo entre o real e o ideal; entre o que infelizmente existe e o que deveria existir.

 

Alexandre Pierroni é Veterinário há 20 anos em São Roque, Vereador e Secretário da Comissão Permanente de Saúde e Educação da Câmara Municipal.